Campanha não financiada
Finalizada em 27/02/2025
"DEUS-ME-LIVRE" DE SEBASTIÃO RAPHAEL JÚNIOR
"DEUS-ME-LIVRE" DE SEBASTIÃO RAPHAEL JÚNIOR
PRÉ-VENDA DO LIVRO "DEUS-ME-LIVRE" DE SEBASTIÃO RAPHAEL JÚNIOR .
"DEUS-ME-LIVRE" DE SEBASTIÃO RAPHAEL JÚNIOR
PRÉ-VENDA DO LIVRO "DEUS-ME-LIVRE" DE SEBASTIÃO RAPHAEL JÚNIOR .
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A editora Urutau nasceu para cantar as horas diante das páginas. Nos últimos cinco anos já publicamos mais de mil livros sem qualquer custo para os autores e as autoras.

Nosso site é www.editoraurutau.com.br

 

 

Essa pré-venda é de Sebastião Raphael Júnior para a publicação do livro "Deus-me-livre".

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Em Deus-me-livre nada se livra. É o nome de uma cidade que nasceu presa. Tudo nela está trancado: as ruas, as casas, os móveis, os utensílios. As cortinas de madeira recortam a entrada do ar que se deposita sobre a organização dos objetos. Não vemos crianças brincando nos quintais porque há uma lei de silêncio que impede barulhos desnecessários. Também não há latidos de cães. Homens e mulheres passam dias intermináveis separando tufos de algodão para o único dia em que o coletor de tufos passará pela cidade com destino a fábrica de cotonetes. 

 

            Na entrada da cidade uma placa indica todos os caminhos. Deus-me-livre tem poucas ruas.  Uma delas segue direto para a casa do prefeito, outra para a casa do delegado, outra para o conjunto habitacional, outra para o comércio e nenhuma para os visitantes.  Ninguém visita este lugar.  Os que um dia por lá passaram não completaram o caminho. Entraram e saíram irrevelados.  Escondidos por detrás das cortinas, os habitantes olharam, como a um espetáculo do teatro de bonecos: o movimento de uma saia longa, o arrastar de um casaco de lã e o solado de sapatos barulhentos. Nada naquele lugar transparece, como se a opacidade cuidasse para que os olhos vissem apenas o que a memória decidiu embranquecer. Assim corria a fama de uma cidade escondida em um silêncio de tempo desfrutado das estações.

            No inverno as ruas e os telhados eram cobertos de algodão para que as gotas de chuva não modificassem os hábitos. Eventualmente, o prefeito e sua esposa ensinavam a população o manuseio da palavra e após a reunião todos passeavam pelas ruas. Este passeio repetia-se quando alguém era falecido. É fato também que ninguém sabia para onde iam os corpos. Uma vez depositados na entrada da cidade, desapareciam durante a noite, sem rastros. No verão, quando os pássaros e insetos excitados pela primavera buscavam cores na cidade, os moradores, cautelosos, vestiam-se de branco e carregados de algodão faziam-nos dormirem em seus ninhos.
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Ao alcançarmos a primeira meta, iniciaremos o processo de produção do livro (revisão, diagramação, produção da capa, pedido de ISBN, ficha catalográfica, impressão). Além disso. 10% de todos os livros impressos serão entregues como pagamento de direitos autorais. Assim que o livro estiver pronto, será promovido um lançamento.
As recompensas serão livros, autógrafos e pequenos mimos. 
Agradecemos muito pelo apoio de todas e todos e desejamos que sempre exista luz.